Faltam poucos dias para dizermos adeus ao ano de 2011. Depois da intensa correria do Natal, da troca de presentes, das confraternizações, celebrações, da disputa pelas compras nos shoppings lotados... esta semana instala-se certa calmaria para que dentro em breve recebamos um novo ano.
Nas empresas o momento é de férias coletivas ou de levantamentos para inventários e balanços. Inventários para se saber o que se tem, o que foi quebrado, destruído, perdido, danificado, o que será necessário comprar novamente, para reposição. Balanço para se ter idéia do que se produziu, quanto, a que custo, e a que resultado se chegou: positivo ou negativo. A quantificação do resultado de todo o empenho, se foi atingido o alvo almejado, qual palavra será utilizada para descrever o período que se finda: lucro ou prejuízo?
É tempo para um inventário pessoal, um balanço íntimo para pensar no que foi perdido, danificado, adquirido... refletir sobre o que conseguimos produzir, construir, e a que custo. Analisar sobre as perdas que nos foram infligidas pelas dificuldades da vida, mas também sobre os ganhos que obtivemos, amizades que adquirimos, alegrias que tivemos... gargalhadas que soltamos.
Pensar nos nossos relacionamentos, o quanto foram danificados, quanto se conseguiu refazer, restaurar... quanto se conseguiu aperfeiçoar. Definitivamente não estamos terminando o ano da mesma forma que o iniciamos. Estamos vendo o mundo, as pessoas e nós mesmos de outra forma. Você já pensou nisso? Olhamos no espelho e achamos que é a mesma pessoa, embora as marcas do tempo teimem em aparecer, na forma de rugas, de cabelos brancos, de espinhas, de barba... Mas mudamos ao longo do ano... Pouco ou muito, mudamos!
Para além do brilho das luzes natalinas ou dos fogos de artifício do Ano Novo, precisamos inventariar o nosso relacionamento espiritual. A nossa vida com Deus: Quais experiências tivemos este ano? Em que estas experiências nos fizeram crescer no Senhor? Confiamos mais em Deus? Estamos descansando mais nele? Ou nossa ansiedade está nos dominando? O que tem mudado na nossa relação com Deus?
As dificuldades tem se tornado obstáculos à nossa trajetória espiritual ou estamos confiando ainda mais no Senhor? Nosso balanço espiritual depende de nossa atitude de fé diante do Senhor. Se alguém seguiu o exemplo da mulher de Jó, que diante das circunstâncias adversas distanciou-se do Senhor, isto lhe trouxe a morte espiritual. Mas mesmo para quem percebe um balanço espiritual negativo, há uma promessa de restauração, no livro de Jó 14.7-9:
“Pois para uma árvore há esperança; mesmo quando cortada, volta a brotar, e os seus brotos não deixam de existir. Ainda que a sua raiz apodreça na terra, e o seu tronco morra no pó, ela brotará ao cheiro das águas e lançará ramos como uma planta nova.”
Para quem descobriu nos desafios e sofrimentos um Deus presente em sua vida, o ano foi de crescimento. Talvez você ainda possa estar enfrentando grandes dificuldades, mas dirá como Jó: “Eu sei que o meu Redentor vive e que por fim se levantará sobre a terra.” (19.25)
Houve um momento na história de Israel em que Samuel fez um inventário e um grande balanço. Fora um período de grandes dificuldades. Olhando para trás Samuel pôde relembrar de acontecimentos terríveis, os quais ele vivenciara e acompanhara de perto. Podia elencar a morte do velho líder Eli, bem como dos seus filhos, Hofni e Finéias, no mesmo momento em que a arca da aliança caiu nas mãos dos filisteus. Fora um golpe tão duro que deu nome ao filho de Finéias, Icabode, que significa “Foi-se a Glória de Israel”. A arca da aliança, sinal visível da Glória de Deus levada de Israel parecia indicar o fim de tudo. Mas “há esperança, mesmo quando a árvore for cortada, ou a sua raiz apodreça no pó, ela brotará ao cheiro das águas”. E Samuel podia recordar o retorno da Arca, o arrependimento do povo, a sincera confissão coletiva, a rejeição e o abandono dos ídolos, um novo pacto de fidelidade com Deus, um grande clamor ao Senhor por livramento da mão dos inimigos filisteus... e a tremenda resposta do Deus dos Exércitos, trovejando desde os céus, propiciando a vitória dos israelitas. Qual o resultado deste grande balanço?
Relembrando tudo isso, Samuel tomou uma pedra, para servir como marco, como registro, como memorial. Os acontecimentos daquele período mereciam um monumento. Mas o homenageado deste monumento não seria Samuel, nem o próprio povo de Israel. Às vezes atribuímos a nós as nossas conquistas, as vitórias, as superações, e queremos erguer memoriais a nós mesmos. Quem for a Roma, ainda verá de pé os Arcos construídos em homenagem aos imperadores romanos e suas vitórias. Ainda se mantem de pé no Forum Romano os Arcos de Tito, Diocleciano e Constantino. Em Paris, os franceses querendo fazer de sua cidade uma nova Roma, construíram um Arco de Triunfo para celebrar as vitórias de seu imperador, Napoleão Bonaparte. Porém, aquela pedra que Samuel tomou, tinha um nome, aquele memorial celebrava todos os acontecimentos recentes, e chamava-se EBENEZER: Até aqui nos ajudou o Senhor (I Samuel 7.12). Literalmente a expressão hebraica Ebenezer significa “Pedra da Ajuda, do Socorro”. Depois o poeta ergueria sua Pedra do Socorro num poema que nós conhecemos como o Salmo 46: “Deus é o nosso refúgio e fortaleza, socorro bem presente na angústia.”
Neste final de ano, eu e você somos desafiados a levantar um marco, um balanço de gratidão, um inventário de alegria, ainda que as lágrimas ainda fluam do rosto, erguendo com Samuel, em meio aos desafios, que vieram e que virão, com muita fé, uma Pedra da Ajuda, EBENEZER, até aqui nos ajudou o Senhor! Ele é a nossa ajuda, nosso socorro.
Temos uma decisão a tomar neste final de ano. Chorar com amargura como a mulher de Jó, e nos afastarmos de Deus, ou erguermos nossa Pedra da Ajuda e reafirmarmos com fé, como Samuel: Até aqui nos ajudou o Senhor!
Oportuna reflexão!Deus seja louvado em sua vida meu irmão e continue lhe inspirando a escrever artigos tão belo como esse,para nossa edificação.Feliz Ano novo a vc e toda família! Mardonio
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