quinta-feira, 29 de maio de 2014

Carona para o North Shopping?

   A cidade está em polvorosa! Ontem, um ônibus urbano foi atacado por adolescentes que esfaquearam o motorista e o cobrador do coletivo. O motorista não resistiu: morreu horas depois. O cobrador possivelmente vai sobreviver. Torcemos por isso.
   Hoje, a classe trabalhadora dos rodoviários foi solidária e decidiu paralisar suas atividades para chamar a atenção sobre a violência que assola a polis.  Há também a materialização do velho provérbio “Quem vê a barba do vizinho arder, bota a sua de molho”... Os rodoviários choram a morte do companheiro... e buscam gritar para as autoridades para que a violência não se torne simplesmente mais uma característica do cotidiano.
   Aqueles que conseguiram chegar ao trabalho utilizando o transporte público, tiveram problemas para voltar pra casa. As paradas de ônibus ficaram abarrotadas de olhares ansiosos pela visão de um transporte que lhes conduzisse para casa depois de um cansativo dia de labor. Nada... Muitos se puseram em marcha, resignados.


    Meu filho veio do Colégio para meu trabalho para voltarmos juntos.
    Olhei para ele e disse: Vamos parar e perguntar quem quer carona!
    Ele retrucou: Está louco? Vai entrar no carro um desconhecido, pode ser alguém perigoso!
    Eu respondi com uma pergunta: Se você estivesse aí nessa parada, aguardando um ônibus, gostaria que alguém parasse e lhe desse uma carona?
    Ele respondeu: Claro!
    “Alguém quer uma carona para o North Shopping?”
    Duas moças muito timidamente, e temerosas, responderam afirmativamente e entraram sentando no banco de trás do carro. Nunca as tínhamos visto. Na conversa descobrimos que morávamos no mesmo bairro, algumas ruas acima.
     No trajeto, muita gente caminhando de volta pra casa.  Moças, rapazes, senhoras, velhos, gente já não tão nova, e já desacostumada a caminhar tanto! Eu queria ter um carro modelo ônibus londrino...
     Quando chegamos no bairro, paramos próximo a rua das moças, elas desceram agradecidas. Perguntei ao meu filho: Doeu? Ele olhou pra mim sem entender: O que? Perdemos alguma coisa ao trazer as moças?
    Então eu lhe disse: Jesus ensinou que “tudo o que quiserdes que os homens vos façam, fazei vós também a eles” (Mt 7.12). Eu gostaria que alguém me desse carona, ali na incerteza da parada de ônibus, pensando em como voltar para casa caminhando. Por isso, as trouxe no meu carro, sem nunca tê-las visto, e sem receber nada em troca.
    Pena que pouquíssimas pessoas tiveram coragem de dar uma carona para um desconhecido. Observamos que a maioria dos carros rodavam somente com o motorista, ou com mais um acompanhante. Por isso tanta gente teve que vir andando.
   Eu prefiro correr o risco, à comodidade da omissão! Fico pensando como tanta gente omissa depois abre a boca e diz que é cristã.  Perdoem-me: Cristo faria diferente, senhores!