Iniciamos lembrando os desafios da cidade, falados na
palestra anterior, então o palestrante nos trouxe a imagem de uma ponte, e ao
lado da ponte enxergamos um rio. Aquela ponte existe, situa-se na Ásia, um dia
engenheiros experientes e eficientes construíram aquela ponte sobre um rio. Mas
os tempos passaram, o rio mudou de lugar, a geografia mudou. A ponte continua
no mesmo lugar, mas não é mais utilizada, não serve mais para cruzar o rio,
embora ele ainda exista.
Fomos instigados a
refletir sobre nós mesmos enquanto líderes. Nossas igrejas foram estabelecidas
por homens que fizeram da melhor forma possível, mas os tempos mudaram. Os
líderes precisam entender isso. Caso contrário podemos ser pontes que não tem
mais serventia, não levam a lugar nenhum.
Os líderes são
resolvedores de problemas. Desde os conselhos de Jetro a Moisés, podemos
perceber o desafio dos líderes em solucionar problemas.
Relembremos o
conceito de liderança como “o esforço de exercer conscientemente uma influência
especial dentro de um grupo no sentido de levá-lo a atingir metas de forma
permanente, benefício que atende às necessidades reais do grupo.”
Como eu influencio,
enquanto líder?
a) Modelando – Sendo exemplo para meus
liderados;
b) Motivando – Encorajando meus
liderados;
c) Mentoreando – Compartilhando com meus
liderados, o coração da liderança, formando novos líderes;
d) Multiplicando – Conseguindo gerar
novos liderados.
Lembrando que Jesus
nos chamou para fazer discípulos. Olhando para Cristo percebemos que ele fez
discípulos modelando, motivando, mentoreando, multiplicando. Somos chamados a
fazer o mesmo: Ide fazei discípulos!
É importante
entendermos que, considerando o tempo dedicado pelo líder ao seu trabalho,
podemos dividir o uso do tempo em dois tipos de trabalho, isto é, ocupamos o
nosso tempo em trabalhos de liderança propriamente dito, e trabalhos técnicos
(também podemos chamar de operacionais).
Quando Moisés tira
o povo do Egito, no início da jornada ele concentra em si mesmo todas as
demandas do povo. Ele é profeta, intercessor, conselheiro de todos. Aos poucos
ele vai organizando as equipes. Arão e seus filhos passam a compor a equipe de
sacerdotes. Josué e seus capitães organizam o exército. O tempo de Moisés que
inicialmente era em grande parte dedicado aos trabalhos operacionais, técnicos,
tais funções vão sendo delegadas, e ele pode se dedicar à sua ampla função de
liderança, formando líderes, ensinando o povo, organizando a nação.
Mas Moisés ainda
acha que só ele pode orientar e aconselhar o povo. É como muitos pastores, que
tem boas equipes nas suas igrejas, mas ainda andam com o molho de chaves de
cada porta da congregação. É nesse momento que Jetro orienta a Moisés...
Lembre-se, no início, concentrar as atividades que podem ser delegadas, pode ser
até necessária, mas não se pode falar em desenvolvimento e crescimento, se o
líder continuar utilizando a maior parte
de seu tempo em trabalhos técnicos. Lembre-se, você não é um cavaleiro
solitário.
No Novo Testamento
os apóstolos entenderam muito bem isso, quando estabeleceram que outra equipe
iria cuidar das mesas e das viúvas (atividade técnica/operacional), foi o
início da atividade dos diáconos, enquanto eles continuariam se dedicando à
palavra (Atos 6).
Às vezes não
crescemos mais porque não sabemos formar equipes. Imaginamos que somente nós
conseguimos fazer bem feito. Aprendamos com Jetro, e os apóstolos.
Líderes nascem
prontos?
Somos pessoas
naturalmente dotadas por Deus de dons e talentos, portanto podemos falar de
líderes naturais. Porém, líderes naturais não são líderes maduros. Para atingir
a maturidade é necessário o desenvolvimento dos dons e talentos, este
desenvolvimento é feito com o auxílio de três coisas: treinamento, que nos municia
em ferramentas que nos permitem realizar planejamento, provê direção e
monitoramento; trabalho duro, não há líderes maduros sem trabalho duro, sem
‘meter a mão na massa’; e finalmente, disciplina, a disciplina nos transforma
de líderes inconstantes e temerosos, em líderes firmes e determinados.
E acima de tudo
isso, está a ação do Espírito Santo. Mas precisamos fazer nossa parte,
cooperando com Deus em nosso próprio crescimento enquanto líderes.
Precisamos ter
claro 6 coisas em nossa mente:
a) Missão: Por que existimos?
b) Valores: Que somos nós?
c) Visão: Para onde estamos indo?
d) Análise da realidade: Onde estamos agindo?
e) Estratégias claras: Quais serão nossos
passos?
f) Implementação do plano de ação: Como faremos
isso?
Pensando na
missão, existimos para cumprir aqui a Missio Dei, a missão de Deus. Nossa
cosmovisão cristã aponta para a visão bíblica da história do mundo no esquema:
Criação, Queda, Redenção e Consumação/Recriação.
Recebemos o mandato
cultural no Gênesis para sujeitar a terra, trabalhar nela. Fracassamos na nossa
missão com a Queda. Com a Redenção através de Cristo, somos chamados a ser
igreja, fazer discípulos, atuando na Restauração do mundo caído. A Missio Dei
de restauração é dada a nós, povo de Deus.
Nossa visão precisa
estar baseada na missão e nos valores, que temos enquanto Igreja de Deus.
Precisamos ter uma mesma visão, sonhar unidos. Pois visão + visão =
divisão. Sonhemos grandes sonhos para
Deus e realizemos grandes coisas para Glória de Deus.
A análise da
realidade é necessária para que tenhamos uma compreensão das questões que nos cercam:
Onde está situada
nossa igreja? Há alguma subcultura que
manifesta um nível de opressão satânica? Existem grupos muito vulneráveis
próximos a nós? Quais as oportunidades de parceria?
A partir daí, dessa
conscientização precisamos traçar estratégias claras, definindo nossos passos e
implementando um plano de ação.
Como líderes somos
convidados a olhar para o apóstolo Paulo, com quem aprendemos a crescer para
baixo:
Em 59 d.C Paulo
dizia: Eu sou o menor dos apóstolos, indigno de ser chamado de apóstolo, porque
persegui a igreja de Deus (I Co 15.9).
Em 63 d.C Paulo
escreveu aos efésios: A mim, o menor entre todos os santos, foi concedida a
graça de anunciar aos gentios as riquezas insondáveis de Cristo (Ef 3.8). A
medida que o ministério de Paulo avançava, prosperava, ele sentia-se menor,
crescia para baixo.
Em 64 d.C Paulo
escreve a Timóteo: Esta palavra é fiel e digna de toda aceitação: Cristo Jesus
veio ao mundo para salvar os pecadores, dos quais eu sou o principal.
A identidade de
Paulo está em Cristo, não nele. Por isso ele dizia, vivo não mais eu, mas
Cristo vive em mim. Aprendemos com Paulo, e com Jesus, a humildade.
Cuidado com a
tentação de superestimar nossas realizações. Agostinho dizia: “Você quer elevar-se? Comece
descendo. Você planeja uma torre que alcança as nuvens. Firme primeiro os
alicerces da humildade.”
Jonathan Edwards,
pastor puritano do século XVIII dizia: “Estou convencido como Calvino está, de
que todas as muitas provações dos homens são para demonstrar para si e para o
mundo que eles são apenas falsificações.”
O grande pecado dos
líderes é o orgulho. Dizia C.S. Lewis: “Se alguém quiser adquirir humildade, eu
penso que posso lhe dizer qual é o primeiro passo. O primeiro passo é
reconhecer que você é orgulhoso”.
Foi o orgulho que
fez Lúcifer transformar-se em diabo, e é o orgulho que faz com que o homem se
pareça com o diabo. Irmãos, calcemos as sandálias da humildade. Para a doença
do orgulho só existe um médico, Jesus, ele próprio é o remédio. Encarnou e
viveu como servo humilde. Ele é o remédio para o nosso orgulho.
C.S.Lewis dizia que
“Humildade cristã não é pensar menos DE SI mesmo, é pensar menos EM SI MESMO. É
não mais reparar em você mesmo, o que você está fazendo como está sendo
tratado. É um abençoado auto-esquecimento.”
Dependemos do
Senhor, olhemos para Ele, manso e humilde, o Leão de Judá, que nos mostra a sua
face, Cordeiro de Deus, que foi morto, ressuscitou, e nos inspira a vida de humildade, desprezando nosso orgulho
pecaminoso.
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