(Timothy Keller, em Deuses Falsos, pág. 96 a 98)
Obs. Trata-se de um escritor norte-americano. Qualquer semelhança com o que vemos em nosso país é mera coincidência...
Um dos sinais de que um objeto está funcionando como um ídolo é que o medo se torna uma das características principais da vida. Quando centralizamos nossa vida em um ídolo, tornamo-nos dependentes dele Se nosso falso deus é ameaçado de alguma forma, nossa resposta é o pânico completo. Não dizemos "Que vergonha! Que dificuldade!", mas sim: "É o fim! Não há esperança!"
Talvez seja por essa razão que tantas pessoas hoje respondem às tendências políticas dos Estados Unidos de forma tão extrema. Quando um partido ganha uma eleição, certa fração do lado perdedor começa a falar abertamente em deixar o país. Essas pessoas se tornam agitadas e temerosas em relação ao futuro. Elas colocaram em suas agendas e líderes políticos o tipo de esperança que antes era reservado a Deus e à obra do evangelho.Quando seus líderes políticos estão fora do poder, elas experimentam a morte. Acreditam que, se as pessoas e políticas delas não estiverem em ação, tudo irá pelos ares. Recusam-se a admitir as semelhanças entre seu partido e o adversário, concentrando-se em vez disso nos pontos de desacordo. Os pontos de contenda obscurecem todo o resto, e um ambiente venenoso é criado.
Outro sinal de idolatria em nossa política é que os oponentes não são vistos como simplesmente errados, mas sim maus. Depois da última eleição presidencial, minha mãe de 84 anos observou: "Antigamente, quem quer que fosse eleito como presidente, mesmo que você não tivesse votado nele, era seu presidente. Hoje em dia não é mais assim." Depois de cada eleição, há um número significativo de pessoas que veem o presidente eleito como alguém sem legitimidade moral. A crescente polarização e amargura que vemos na política americana de hoje é um sinal de que transformamos o ativismo político em uma forma de religião. Como a idolatria produz o medo e a demonização?
O filósofo holandês-canadense Al Wolters ensinou que, na visão bíblica das coisas, o principal problema da vida é o pecado, e a única solução é Deus e sua graça. A alternativa a essa visão é identificar algo além do pecado como o principal problema no mundo e algo além de Deus como o principal remédio. Isso demoniza algo que não é de todo ruim e transforma em ídolo que não pode ser o bem último. Wolters escreve:
O grande perigo é isolar algum aspecto ou fenômeno da boa criação de Deus e identificá-lo, em vez da intrusão do pecado, como o vilão no drama da vida humana. [...] A Bíblia é única em sua rejeição intransigente de todas as tentativas de [..] identificar uma parte da criação como vilã ou salvadora.
Isso explica os constantes ciclos políticos de esperanças e desilusões exageradas, os discursos políticos cada vez mais venenosos e o medo e desespero desproporcionais quando um partido perde o poder. Mas por que endeusamos e demonizamos causas e ideias políticas? Reinhold Niebuhr respondeu que, na idolatria política, transformamos o poder em um deus.
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