O pequeno e recém- nascido reino de
Israel corria perigo. Os povos do Mar, conhecidos na bíblia como os filisteus,
que dominavam a tecnologia do ferro, constituíam um perigo verdadeiro ao povo
de Israel e ao seu Rei, Saul.
Os exércitos dos dois povos se organizaram para a batalha. O Rei Saul
convocou homens em idade de lutar por todo o reino. De toda parte afluíram jovens para a guerra.
Da zona rural da pequena Belém três jovens, filhos de Jessé, agora integravam
as Forças Armadas israelitas: Eliabe, Abinadabe e Samá.
Jessé, o pai dos rapazes belemitas,
preocupado com os filhos decide enviar o filho mais jovem, que ficou cuidando
das ovelhas, o ruivo Davi para levar mantimento para os irmãos, e claro, saber
das novidades do front da batalha.
Davi entregou sua encomenda ao Serviço de
Intendência, responsável pela alimentação e logística do exército, e
rapidamente foi conversar com os soldados para buscar informações do andamento
da guerra. Não precisou de alguém lhe dizer o que estava acontecendo. Ele pôde
testemunhar a aparição de Golias, o gigante filisteu da cidade de Gate,
erguendo-se entre o exército do seu povo e afrontando o povo de Israel.
Os soldados o informaram que haveria
premiação e recompensa para o israelita que ferisse o filisteu. Mas o medo era
tanto do gigante guerreiro, que ninguém pensava em ousar enfrentar Golias. Davi parece não temer a ameaça dos filisteus
encarnada nos três metros do gigante ao indagar: Quem é, pois, este
incircunciso filisteu, para afrontar os exércitos do Deus vivo?
Definitivamente a coragem do pastorzinho
de Belém começou a chamar a atenção dos soldados israelitas. O burburinho
causado pela intrepidez de Davi chega aos ouvidos do seu irmão mais velho,
Eliabe. O primogênito enche-se de ira contra o seu mano caçula, e lhe diz em
tom de desprezo: Por que desceste aqui? E a quem deixaste aquelas poucas
ovelhas no deserto? Bem conheço a tua presunção e a maldade do teu coração, que
desceste para ver a peleja.
Davi se surpreende com a ira do
seu irmão e suas palavras provocativas e ferinas e lhe diz: Que fiz eu agora?
Porventura, não há razão para isso?
Parece-nos que no meio da guerra uma nova
ameaça surge. Golias é esquecido, deixado de lado, embora permaneça lá,
afrontando, gritando, perigosamente ameaçador. Para Eliabe o inimigo agora era
seu irmão caçula. Ele se ira contra Davi, ele decide humilhá-lo com suas
palavras, destruí-lo verbalmente. De repente, o inimigo não é mais Golias,
passa a ser o seu irmão de sangue, filho de seu pai, que estava ali para
trazer-lhe mantimento. O foco agora é acabar com Davi.
Essa história se repete com muito
mais frequência do que imaginamos. Embora estejamos frente a frente com o gigante,
e nossas fileiras indiquem que estamos prontos para o enfrentarmos, esquecemos quem é a
verdadeira ameaça e estamos lutando contra
nosso irmão, irados conta ele, tentando destruí-lo com palavras e ações.
O gigante fica dando gargalhadas com nossas trapalhadas, e nem temos
consciência disso.
Nos meios acadêmicos, jovens apologistas
erguem seu aparato bélico em sua trincheira teológica para atacar uma tradição
teológica diferente entendendo que ali está seu inimigo. Nos púlpitos, pastores
disparam mísseis homileticamente preparados para apontar os erros e equívocos
da igreja mais próxima, entendendo que ali está o inimigo. Dentro das igrejas
as disputas políticas se acirram e as fileiras se formam para batalhas que fariam
animar Napoleão Bonaparte!
É tempo de pedirmos ao Senhor discernimento
para entendermos quem é o inimigo. É tempo de deixarmos de ser Eliabe. E
quantas vezes somos Eliabe! O gigante domina a cidade e as pessoas. Jovens
drogados, assaltando, matando... É tempo
de acendermos a cidade, derrotando o
gigante que a tudo escurece e amedronta. Vamos enfrentá-lo como Davi, não por
nossa própria força, mas Em nome do Senhor dos Exércitos, porque DO SENHOR É A
GUERRA!
Enquanto não aprendermos a discernir quem é o inimigo, quem é a verdadeira ameça, Golias nunca será vencido!!!
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