domingo, 15 de setembro de 2013

Liderança no Contexto da Geração Y

    Liderar parece ser algo absolutamente simples. Quem olha as ações de um líder e almeja a liderança, normalmente fica pensando que no lugar daquele líder, faria muito melhor! Fala-se dos grandes líderes do passado e do presente, e comenta-se sobre seus feitos como se fossem as coisas mais banais do mundo.
   Alguém pode dizer: Alexandre, o Grande foi um grande conquistador grego que subjugou o império persa e estendeu seus domínios até a Índia;  Charles Spurgeon foi um pregador inglês que criou uma rede de assistência social e sacudiu a Inglaterra com seus sermões;  Pastor Emiliano foi um líder pentecostal  que consolidou o crescimento da Assembléia de Deus no Estado do Ceará. Falar dessa forma parece que o legado dessas pessoas foi algo muito simples, e suas realizações enquanto líderes parece ter sido algo muito natural, espontâneo...
   Eu diria que a liderança é das mais complexas artes existentes na labuta humana. Liderar, meus caros, é muito mais complexo do que parece. 
   O mercado editorial é repleto de publicações que se propõem a ensinar a arte de liderar: Aprenda a liderar com Napoleão Bonaparte, ou com Alexandre, o Grande, ou com  Jesus Cristo... Toda a literatura tem sua validade e é possível, obviamente, obter grande aprendizado com a história dos líderes do passado. Mas seria isso suficiente?





   Talvez a fonte da maior parte dos fracassos dos líderes da atualidade seja exatamente a aplicação dos métodos utilizados por outros, noutro tempo, noutra situação, noutro lugar. Como a maior parte do que se faz em ciências humanas, não é possível em liderança garantir êxito com experiência passada. Não se pode fornecer receitas sobre como fazer a partir do que aconteceu com outros. Podemos trabalhar com princípios, que nortearam experiências exitosas.  Mas é preciso algo além dos princípios... Algo que está ligado à percepção do líder...
    É preciso que o líder saiba quem são e como agem (e reagem) os seus liderados, para que ele possa posicionar-se e desenvolver uma relação sadia com os mesmos, e possa levar a efeito os desafios propostos. 
   Para nós que atualmente trabalhamos com a liderança de jovens na igreja, nossos liderados constituem o que os sociólogos chamam de geração Y.  Esta classificação envolve os nascidos após os anos 80. É uma geração que se deparou com o “boom” da rede mundial de computadores/internet, e o surgimento de uma nova tecnologia da informação, fato este que modificou substancialmente as relações humanas.

   Não se pode lidar com esta geração da mesma forma que meus líderes lidaram comigo. É preciso conhecer as características desta geração para que possamos desenvolver um relacionamento que lhes faça assumir o papel de liderados. E quem é esta geração Y?
   A geração Y é uma geração que “sabe das coisas”. A geração anterior assumia que não sabia das coisas, e o líder era aquele que sabia (ou deveria saber), e portanto era alguém em quem se podia depositar a confiança, alguém que podia ser seguido.  A idade, a formação, a experiência, tudo contava para que o líder pudesse ser alguém cujo conhecimento, ou bagagem o credenciavam para a liderança. E as pessoas precisavam de um líder... sentiam necessidade de alguém para seguir, para direcioná-las...
     A geração Y é uma geração que sabe das coisas. Não precisa de ninguém que a ensine, não quer saber de ninguém que a direcione. A autonomia da geração Y tira do caminho qualquer pessoa que possa estar ali para orientar. Quem precisa de orientação?

    A geração Y é uma geração que sabe das coisas. É uma geração que acessa o Google que imediatamente, e sem gaguejar, responde todas as suas questões. E quando, mesmo assim, ainda há alguma dúvida, faz-se uma conferência nas redes sociais, com os “amigos” virtuais que discutem a situação, e chega-se a alguma conclusão.
   A geração Y quer ser protagonista da sua própria história.  É uma geração que não quer que outros façam por si. Ela quer fazer, do seu jeito, de sua forma, com a sua cara. Não adianta chegar para alguém da geração Y pedindo que algo seja feito, e que seja feito “assim ou assado”.  Nada vai acontecer...
    Quem vai liderar a geração Y precisa saber que sua liderança não é aceita pelo simples fato de que ele foi colocado naquela posição, isto é, há uma liderança institucional. Ele precisa conquistar o seu espaço de liderança no coração dos liderados. Eles vão avaliar cada passo, cada ação daquele líder, para concluir se ele pode assumir em suas vidas, e na vida do grupo o papel de líder.

    Ora, se esta geração sabe das coisas, não precisa de ninguém que a ensine, nem oriente, nem direcione, é autônoma... Ainda há lugar para um líder? A resposta é positiva. Apesar de tudo, é uma geração consciente de que quer deixar sua marca na história. De que quer ir a algum lugar. De que não quer passar despercebida na existência. E isso só é possível se houver alguém que ocupe o papel de liderança em suas vidas, na vida do grupo.
    A liderança é um lugar a ser ocupado no coração da geração Y. Não da forma tradicional, que estávamos acostumados. Não de forma impositiva, não apenas institucionalmente. É preciso conquistar, ganhar a confiança...

    O líder hoje que ignorar estes fatos está definitivamente fadado ao fracasso.

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