Como cristãos que somos, deve estar claro pra nós que Natal é muito mais do que o ápice do consumo anual... é mais do que ir aos restaurantes para confraternizações e comprar e ganhar presentes, até porque alguns de nós não usufruímos de nenhuma dessas alternativas. Um dia destes estava num shopping (para compras natalinas) e ouvi alguém tocando uma música numa loja, era mais ou menos uma oração ao Papai Noel:
"Papai Noel
Traga um presente pra mim
Lá do céu..."
Era uma súplica a uma divindade gordinha e rosada, que faz a alegria da criançada chamada Papai Noel. Pensei na teologia de muitos para os quais, Deus é uma espécie de Papai Noel onipresente.
É verdade que os magos caldeus trouxeram presentes... mas seus presentes faziam parte da formalidade exigida pelo momento. O que mais nos intriga quanto a esses homens é o seu caminho, do Oriente para a Judéia. Foi seu desprendimento em vir da Mesopotâmia, atravessando desertos e perigos para adorar o Rei dos Judeus. Fico pensando no que estamos dispostos a renunciar para adorar o Rei...
Não podemos esquecer dos pastores... não há registros de que trouxeram presentes... este protocolo era desconhecido para homens do campo, não acostumados às formalidades palacianas (ainda que o Rei estivesse numa estrebaria). Mas foram à Belém...
Em Belém encontramos cultos e incultos reunidos em torno do Menino-Deus:
Os magos caldeus, cultos, esclarecidos, entendidos foram atraídos por um sinal no céu, que as análises astronômicas, a sabedoria milenar e o seu saber científico indicavam tratar-se de algo especial... Foram então em busca de adorar ao ser percebido através do seu conhecimento... guiados pela estrela...
Os pastores também estavam lá, como dissemos homens simples, não afeitos a leitura das mensagens da natureza, nem ao saber livresco. Mas homens atentos ao sobrenatural. E de repente viram um coral de anjos no céu anunciando o nascimento do Salvador, e enviando-lhes a Belém. Claro que se isso tivesse acontecido aos magos caldeus eles iriam analisar o acontecido e chegar à conclusão que estavam tendo um acesso paranoico ou um surto psicótico. Mas não para os pastores, para os quais o sobrenatural não estava descartado, o sobrenatural era manifestação divina que toca o homem. Foram então até Belém... atendendo ao chamado de um coral de anjos!
Eis o mistério do Natal. Homens cultos e incultos adorando ao mistério do Deus-Encarnado. Uns guiados por uma criteriosa análise racional, da trajetória de um astro celeste... outros guiados por uma visão de anjos. Ambos se dispuseram à adoração. Cada um por sua vez se curvou diante da manjedoura...
Natal é isso. É atendermos ao chamado divino, que nos vem pelas mais diversas formas, e não sermos incrédulos... façamos nosso caminho em busca do Rei nascido, às vezes longo e penoso como o dos magos (para os ricos “no conhecimento”, é sempre uma trajetória complicada)... mas tão produtivo quanto o dos pastores. E juntos, cultos e incultos nos prostremos diante do Rei que veio nos reconciliar com o Pai!!!
Feliz Natal.
Muito bom!
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