terça-feira, 7 de junho de 2016

Aprendendo com as "Confissões"...

   Nestor Cerveró, 64 anos condenado a 17 anos de prisão por corrupção passiva e lavagem de dinheiro. A Revista VEJA desta semana traz alguns trechos das Confissões do ex-diretor da Petrobrás:
“ O arrependimento é por não ter sabido controlar a minha ambição, não só por dinheiro, mas também pela vaidade em permanecer diretor da Petrobrás...”   A Revista comenta: Ele foi seduzido pela ambição desmedida e pelo status de ocupar uma direção na maior empresa brasileira.


     É lamentável que o Sr. Cerveró esteja atravessando situação tão constrangedora, mas há de se colher os frutos do que se plantou. Não estou aqui para me juntar ao coro dos que o desprezam. Estou aqui para conclamar a todos para que aprendamos  a preciosa lição que, da cadeia, o sr. Cerveró nos ensina.
    Até onde pode ir uma ambição desmedida? O que alguém não fará pela conquista de status? Estas reflexões precisam ser feitas, caso contrário amanhã muito mais Cerverós estarão sendo julgados, e estarão compartilhando suas confissões num semanário de grande circulação.
    No mundo dos negócios, das corporações, das instituições, uma indagação é feita: O que você está disposto a oferecer? Seu tempo, sua inteligência, sua criatividade, sua capacidade produtiva, seu dinamismo. Troca-se isto por salário, por status, por benefícios diretos e indiretos.
    Entretanto, quanto mais se sobe na pirâmide profissional, exige-se mais. A disposição em se oferecer cada vez mais é diretamente proporcional à ambição de cada um. Ressalte-se que quanto mais se oferece às organizações, mais as prioridades vão sendo reconfiguradas, e os valores e crenças vão sendo revistos e testados.
    Os valores éticos em algum momento serão confrontados. Em nome de que? Em nome do sucesso. Surgirão soluções “criativas”, omissões “pensadas”, enganos semânticos “inocentes”. Nada parece ser tão ruim, tão mal. Apenas criatividade, nova forma de dizer as coisas. E estas coisas abrem portas, são sinônimos de novas possibilidades, de carreiras que se aceleram...

    Alguém baterá nas costas e lhe dará os parabéns. A sociedade o aplaudirá como vencedor, um profissional destemido de sucesso.  Tudo parece ter o doce gosto da vitória!
    Mas quando as coisas vierem à luz, a verdade surgirá expondo podridão, egoísmo, engano. As soluções criativas serão renomeadas de desvios, as omissões receberão o nome de corrupção passiva, os enganos semânticos serão renomeados de mentiras. As orientações não escritas serão negadas. Os superiores hierárquicos que incentivaram os feitos não corretos, dirão em alto e bom som: Nós nunca orientamos dessa forma, nossa instituição preza pelo seu Código de Ética, nós desconhecemos qualquer atividade não ética praticada por este (a) senhor (a).

    Onde está o sucesso? Onde se escondeu o gosto da vitória? O escárnio e o desprezo é o que a mesma sociedade que o aplaudia há pouco, agora manifesta.
    Não sei se em algum momento de sua vida, o Sr. Cerveró foi um homem cristão, de crenças, de valores. Nele, estamos vendo a realidade do que o apóstolo Paulo escreveu há quase 2 milênios:
     "Porque o amor ao dinheiro, é a raiz de todos os males; e por causa dessa cobiça alguns se desviaram da fé e se torturaram com muitas dores" (I Tm 6.10).
      Se nossa sociedade deixasse de fazer pouco caso da Bíblia, e voltasse a vê-la em temor como Palavra de Deus, talvez não precisássemos de uma Operação Lava Jato.
      Falando em Confissões, quero terminar com uma citação, não das Confissões de Cerveró, mas de Agostinho de Hipona:

      “Procurei o que era a maldade e não encontrei uma substância, mas sim uma perversão da vontade desviada da substância suprema – de Vós, ó Deus – e tendendo para as coisas baixas: vontade que derrama as suas entranhas e se levanta com intumescência.”  Conf VII.16

3 comentários:

  1. Excelente texto, meu irmão. Que o Senhor nos guarde desses sentimentos mesquinhos que corroem e destroem a alma. Um forte abraço.

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  2. Que todos possamos aprender, como o Apóstolo Paulo, a estar satisfeito tanto com a abundância quanto com a "faltura"... Filipenses 4.8

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  3. Que tenhamos sabedoria para viver de modo que possamos deixar e investir mais tesouros no céu(amor, esperança, solidariedade...) do que os tesouros da terra que as traças irão consumir.

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