Nestor Cerveró, 64 anos condenado a 17 anos de prisão por
corrupção passiva e lavagem de dinheiro. A Revista VEJA desta semana traz
alguns trechos das Confissões do ex-diretor da Petrobrás:
“ O arrependimento é por não ter sabido controlar a minha ambição,
não só por dinheiro, mas também pela vaidade em permanecer diretor da
Petrobrás...” A Revista comenta: Ele
foi seduzido pela ambição desmedida e pelo status de ocupar uma direção na
maior empresa brasileira.
É lamentável que o
Sr. Cerveró esteja atravessando situação tão constrangedora, mas há de se
colher os frutos do que se plantou. Não estou aqui para me juntar ao coro dos
que o desprezam. Estou aqui para conclamar a todos para que aprendamos a preciosa lição que, da cadeia, o sr. Cerveró
nos ensina.
Até onde pode ir
uma ambição desmedida? O que alguém não fará pela conquista de status? Estas reflexões
precisam ser feitas, caso contrário amanhã muito mais Cerverós estarão sendo
julgados, e estarão compartilhando suas confissões num semanário de grande
circulação.
No mundo dos
negócios, das corporações, das instituições, uma indagação é feita: O que você
está disposto a oferecer? Seu tempo, sua inteligência, sua criatividade, sua
capacidade produtiva, seu dinamismo. Troca-se isto por salário, por status, por
benefícios diretos e indiretos.
Entretanto, quanto
mais se sobe na pirâmide profissional, exige-se mais. A disposição em se
oferecer cada vez mais é diretamente proporcional à ambição de cada um. Ressalte-se
que quanto mais se oferece às organizações, mais as prioridades vão sendo reconfiguradas,
e os valores e crenças vão sendo revistos e testados.
Os valores éticos
em algum momento serão confrontados. Em nome de que? Em nome do sucesso. Surgirão
soluções “criativas”, omissões “pensadas”, enganos semânticos “inocentes”. Nada
parece ser tão ruim, tão mal. Apenas criatividade, nova forma de dizer as
coisas. E estas coisas abrem portas, são sinônimos de novas possibilidades, de
carreiras que se aceleram...
Alguém baterá nas
costas e lhe dará os parabéns. A sociedade o aplaudirá como vencedor, um
profissional destemido de sucesso. Tudo
parece ter o doce gosto da vitória!
Mas quando as
coisas vierem à luz, a verdade surgirá expondo podridão, egoísmo, engano. As
soluções criativas serão renomeadas de desvios, as omissões receberão o nome de
corrupção passiva, os enganos semânticos serão renomeados de mentiras. As
orientações não escritas serão negadas. Os superiores hierárquicos que
incentivaram os feitos não corretos, dirão em alto e bom som: Nós nunca
orientamos dessa forma, nossa instituição preza pelo seu Código de Ética, nós
desconhecemos qualquer atividade não ética praticada por este (a) senhor (a).
Onde está o
sucesso? Onde se escondeu o gosto da vitória? O escárnio e o desprezo é o que a
mesma sociedade que o aplaudia há pouco, agora manifesta.
Não sei se em algum
momento de sua vida, o Sr. Cerveró foi um homem cristão, de crenças, de
valores. Nele, estamos vendo a realidade do que o apóstolo Paulo escreveu há quase
2 milênios:
"Porque o amor ao
dinheiro, é a raiz de todos os males; e por causa dessa cobiça alguns se
desviaram da fé e se torturaram com muitas dores" (I Tm 6.10).
Se nossa
sociedade deixasse de fazer pouco caso da Bíblia, e voltasse a vê-la em temor
como Palavra de Deus, talvez não precisássemos de uma Operação Lava Jato.
Falando em
Confissões, quero terminar com uma citação, não das Confissões de Cerveró, mas
de Agostinho de Hipona:
“Procurei o que
era a maldade e não encontrei uma substância, mas sim uma perversão da vontade
desviada da substância suprema – de Vós, ó Deus – e tendendo para as coisas
baixas: vontade que derrama as suas entranhas e se levanta com intumescência.” Conf VII.16
Excelente texto, meu irmão. Que o Senhor nos guarde desses sentimentos mesquinhos que corroem e destroem a alma. Um forte abraço.
ResponderExcluirQue todos possamos aprender, como o Apóstolo Paulo, a estar satisfeito tanto com a abundância quanto com a "faltura"... Filipenses 4.8
ResponderExcluirQue tenhamos sabedoria para viver de modo que possamos deixar e investir mais tesouros no céu(amor, esperança, solidariedade...) do que os tesouros da terra que as traças irão consumir.
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