Estamos vivendo um momento especial no mundo evangélico, aliás, por que não dizer cristão? Um grande movimento adoracionista levanta-se de todos os lados. Dos padres cantores ao gospel pentecostal, todos estão se dando o título de “Adoradores”. E as adorações vão desde as manifestações extravagantes originadas da Bênção de Toronto (tomadas lugar na Igreja Comunhão da Videira do Aeroporto de Toronto, Canadá) , onde após a ministração da palavra, os obreiros oram com imposição de mãos pelas pessoas, e a maioria "cai" para trás, e são aparadas imediatamente pelos "apanhadores". Então as pessoas recebem a unção do riso, e outras manifestações do gênero.
Outras manifestações surgem um pouco mais extravagantes já classificadas como exóticas, tais como a “unção do leão”... não vou mais além, mas se alguém pesquisar um pouco mais vai ver coisas no mínimo, exdrúxulas, inacreditáveis.
Enfim, todos estão no grupo de Adoradores. Me preocupa ainda mais os adoradores que estão na mídia, cujos trabalhos vendem milhares de cópias. Tornam-se referência para milhões de jovens cristãos neste país. Muitos tornaram-se celebridades. Vivem hoje para o seu trabalho, a divulgação de sua obra, o lançamento de novos produtos. Fiquei chocado um dia desses quando entrei no site de uma “adoradora” de grande sucesso no momento. Um hot site levava para sua loja virtual... Onde canecas, camisas, mouse-pad são ofertados, ilustrados com trechos dos “louvores”. Fiquei pensando onde entra a adoração na venda daquela caneca...
São os adoradores da hora... comunidades evangélicas pagam a peso de ouro sua participação nos eventos das igrejas, e atraem milhares de pessoas. E estes adoradores vão forjando novos adoradores, à sua imagem e semelhança. Todos sonhando com sucesso... muito sucesso. Se possível milhões de CDs vendidos, discos de ouro, platina... e tantos metais preciosos quanto houver...
Quando pensei sobre um adorador nas Escrituras, só um homem me veio à mente: Não foi Davi, com sua harpa, cajado e coroa... não foi Asafe com seus instrumentos... foi um homem solitário, sem um staff, sem instrumentos elaborados... mas um homem seguido por uma grande multidão. Como diriam nossos jovens “uma galera” enorme foi atrás dele, em determinado momento sua mensagem estava “bombando”...
JOÃO BATISTA !!!
Um adorador tem a consciência de quem ele NÃO É:
Embora estivesse ali para dar testemunho da luz, João NÃO ERA A LUZ (Jo 1.7-8). Quando se fala muito de algo é perigoso começar a se confundir com ele.
Por mais que as pessoas insistissem que ele deveria ser uma grande figura: Talvez o Messias, ou Elias, ou o Profeta (que equivaleria ao Messias novamente), ele sabia que não era nada disso (Jo 1.20-22).
Por mais que as pessoas insistam na sua importância, na sua capacidade de arregimentar multidões, de fazer estremecer as pessoas...
UM ADORADOR TEM A CONSCIÊNCIA DE QUE ELE É APENAS:
A VOZ... (Jo 1.23) A voz que é usada pelo Senhor, para a proclamação da verdade, para testemunhar da luz, para louvor, para glorificação... Nada estava centrado em João, ele era apenas a Voz.
UM ADORADOR SABE O SEU LUGAR NO MUNDO ESPIRITUAL:
Por mais intimidade que ele tenha com Jesus, no caso de João, eles eram primos, o Adorador reconhece que: “Não é digno de desamarrar as correias das sandálias... do seu Senhor.” (Jo 1.27)
E é isto que o faz um adorador. O reconhecimento do seu papel, da sua insignificância, da sua pequenez. De que ele existe para promover o engrandecimento do seu Senhor, portanto pode dizer constantemente: “É necessário que Ele cresça, e eu diminua” (Jo 3.30).
Um Adorador ouve as insinuações sobre si, e seu ministério e não se incomoda, porque sabe exatamente porque e para que está ali:
Por que batizas se não és uma figura importante (nem o Cristo, nem Elias, nem o profeta...)? João não estava ali como celebridade, estava apenas como A VOZ, e esta era a sua missão: abrir o caminho do Senhor e batizar com água (Jo 1.23-26).
Um adorador existe para apontar a Cristo e glorificá-lo através de sua vida e de sua Voz
A tarefa de João, pregar e batizar não era um fim em si mesma. Muitas vezes achamos que nossas atividades religiosas e eclesiásticas tem um fim em si mesma. E então passamos a atribuir grande importância a elas, e passamos a cuidar que nada mude em nossas rotinas religiosas. João sabia que sua tarefa apontava para Cristo, era apenas uma ponte. Os discípulos que o seguiam não eram seus, as pessoas que ele batizava e o seguiam também não tinham a finalidade de se fechar em torno de si mesmo, como uma comunidade religiosa particular.
Quando Jesus surge, João aponta para o Mestre e diz: Este é o Cordeiro de Deus! E os discípulos o abandonam e vão seguir Jesus (Jo 1.35-37). João não fica triste, nem ressentido... afinal ele era apenas a Voz... que já cumprira o seu papel.
Um adorador tem consciência de que ele não é a atração: Ele é o Amigo do Noivo
As pessoas viram João perdendo Ibope, as multidões o trocando por Jesus, e imediatamente foram conversar com ele. Talvez ele precisasse tomar providências para rever seus discípulos, para retornar sua audiência (Jo 3.26-29).
João tinha consciência de que ele era apenas a Voz. Na festa, não fazia o papel do noivo, apenas do Amigo do Noivo. Não era a atração. Era amigo da atração. O amigo do noivo fica feliz ao ouvir a voz do noivo, e participa da festa, não como atração da mesma, pois só o noivo o é... Diante do noivo, sua alegria é completa... O adorador é apenas a Voz, mas se sente realizado no papel de amigo do Noivo!!!!
Agora estou preocupado... Não vejo muitas pessoas com esse perfil. São adoradores ou imitações?
E você? Pode dizer como João Batista: Importa que ele cresça e eu diminua?
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