domingo, 20 de maio de 2012

Uma comparação desigual: “Porventura, não são Abana e Farpar, rios de Damasco, melhores do que todas as águas de Israel?” Parte 1

     É conhecida a história do general sírio Naamã, que vai à Samaria, capital do reino de Israel, em busca de cura para a sua lepra. A pequena escrava israelita lhe trouxera um raio de esperança quando avisou a sua esposa que em Israel havia um profeta que poderia restaurar sua saúde (II Rs 5.1-3).

    Agora ele chegara de Damasco em Samaria, com a carta do seu Rei, Ben-Hadad (Filho de Hadad), direcionada para o Rei de Israel, bem como  muitos presentes e riquezas,  inexplicavelmente o rei israelita leu com terror a carta do monarca sírio, e rasgou seus vestidos. Estranhos estes hebreus, não?                                    
   Ora, o Rei sírio, Ben-Hadad, isto é, Filho de Hadad, o deus sírio das tempestades (chamado pelos hebreus de Rimmon, II Rs 5.18), cujo templo estavam em Damasco, através daquela carta fazia um pedido ao rei de Israel, filho de Yahweh. Ambos os reis fariam uma ponte entre seus respectivos deuses em prol da cura do general sírio. Nada mais comum, se existia algo que poderia ser feito pela divindade, naturalmente o rei, filho do deus iria fazê-lo!

    De repente o rei israelita transtornado fica aliviado ao receber uma notícia, e o general sírio é encaminhado à casa de um profeta.

    Naamã conhecia profetas, era uma atividade comum no mundo da época. Mas os profetas sírios buscavam descobrir o futuro para orientar os reis sobre guerras, alianças, decisões a serem tomadas... Em que um profeta israelita poderia ajudá-lo?

   Ele imaginou então que o profeta iria sair à porta para recebê-lo, na qualidade de um alto emissário do reino sírio, se colocaria de pé, e invocaria o nome do Senhor seu Deus, passaria a mão sobre a sua pele e restauraria a sua lepra (II Rs 5.11).

   Qual não foi sua surpresa quando foi recebido à porta por um servo, um mensageiro, que lhe disse sem rodeios: “Vai e lava-te sete vezes no Jordão, e a tua carne te tornará e ficarás purificado.” (II Rs 5.10)   

 

   Nenhuma honra, nenhuma deferência, nenhuma referência à sua importância, seu cargo... sua eminência. Uma verdadeira humilhação, pouco caso... um absurdo total e pleno.
   Possesso de raiva Naamã esqueceu qual tinha sido o objetivo daquela viagem. Ele não estava ali como comandante do exército sírio para vencer mais uma batalha contra os israelitas. Nem como representante do alto escalão do Governo de Damasco. Ele estava ali como um leproso em busca de cura, um condenado em busca de salvação...
   Mas seu orgulho escondia dele toda essa realidade. Então ele toma consciência de que a ordem é para lavar-se no Rio Jordão! O Rio Jordão... não pode ser, lavar-se sete vezes no Rio Jordão! É demais para o entendimento de um homem!
    
    Claro que o General conhecia o Jordão. Era um curso dágua que se originava do degelo do Monte Hermon, nos recantos fronteiriços do seu país, a Síria, com o Líbano. O nome Jordão significa aquele que desce. E aquele rio não fazia outra coisa a não ser descer. Na fronteira com a Síria, o Jordão atravessa o lago de Hule. Um pouco abaixo do lago de Hule era necessário cruzar o Jordão para penetrar em território sírio. Mais ao sul estava o lago de Genezaré, que já está a 210 metros abaixo do nível marítimo, e 110 km abaixo, estava a foz do Jordão, a 390 metros abaixo do nível do Grande Mar, no Mar Salgado.
    Além de configurar uma forte descida, o Jordão era também um rio de muitos meandros, muita sinuosidade, muitas curvas... a conjunção destas duas características fazia do Jordão uma turbulenta corrente barrenta.
   

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