quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

A verdadeira prosperidade

                                          
“...para que o coração deles seja animado, estando vós unidos em amor e enriquecidos da plenitude do entendimento para o pleno conhecimento do mistério de Deus, Cristo, em quem estão ocultos todos os tesouros da sabedoria e da ciência. (Cl 2.2-3)”
   Quando alguém fala “o verdadeiro” alguma coisa, todo mundo se interessa para saber o que há de novo. O que há de novo na verdadeira prosperidade?
   É interessante como os significados e conceitos mudam ao longo do tempo. O conceito de prosperidade, por exemplo, tem sofrido grandes alterações ao longo da história. Para a sociedade capitalista do século XXI a idéia de um homem próspero é absolutamente diferente de um homem próspero da antiguidade. A sociedade muda e com ela mudam os conceitos, os valores.
    Numa rápida caminhada pela história bíblica poderemos iniciar com um homem próspero chamado Jó:  Era próspero pois tinha muito gado, estamos falando de uma época em que a riqueza vinha da pecuária, foi assim o período patriarcal no qual viveram Abraão, Isaque e Jacó, na maior parte das vezes não tinham terras fixas, eram nômades.. .
 
    Tempos depois, encontraremos um outro homem próspero, chamado Nabal, cuja descrição encontramo-la em I Sm 25.2. Este já não era nômade, ele tinha terras, fazendas, propriedades num local específico, o Carmelo, embora possuísse muito gado. O homem próspero já não é mais nômade, torna-se sedentário, tem terras, que também servirão para a agricultura.
   No livro de Ester vamos encontrar Hamã um político persa muito influente, se vangloriando de sua prosperidade, refletida nos seus muitos filhos, em sua riqueza e no seu status (5.11).

    Diferente dos persas, os gregos não habitavam um país com grandes extensões de terras. Além de serem poucas as terras gregas também eram muito montanhosas. Aos poucos os gregos desenvolveram uma nova noção diferente de prosperidade. Uma prosperidade sem muito gado, sem tantas terras...
    Na Grécia um cidadão próspero era um homem dotado de conhecimento, com trânsito nas artes e nas letras. Os homens de destaque da Grécia não eram homens de muitas posses materiais, Sócrates, Platão, Aristóteles, Arquimedes... foram homens do conhecimento. Foram gregos prósperos em sua sabedoria!

    Paulo evidenciou claramente isto quando escreveu em sua primeira carta aos irmãos de Corinto (uma cidade grega): “Os gregos buscam sabedoria” (I Co 1.22).  A sabedoria grega era um distintivo para a prosperidade dos homens, e marcou profundamente a história da humanidade e muito do que somos na civilização ocidental herdamos dos gregos.
    Quando o apóstolo Paulo dirigia-se aos gregos falando-lhes de Cristo, ele tinha plena consciência de que a mensagem da cruz lhes parecia absurda, loucura. Para tais cidadãos que prezavam o conhecimento e a razão acima de tudo, a idéia de um enviado divino que é crucificado para tirar o pecado dos homens lhes parecia por demais absurda. Homens prósperos em seu saber, em sua cultura, em sua arte... não abriam facilmente o seu coração à vontade do Deus das coisas impossíveis. Quando Paulo em Atenas falou aos filósofos do areópago acerca da ressurreição, eles imediatamente negaram-se a continuar escutando (At 17.32). Em sua prosperidade se achavam auto-suficientes. Em seus corações ricos de conhecimento não havia lugar para o homem da Galiléia que andou com o povo simples às margens do Lago de Tiberíades.
    Apesar de tudo, muitos gregos, não obstante sua prosperidade cultural, foram humildes o suficiente para “negar-se a si mesmo, tomar a sua cruz e seguir Jesus”. Em Colossos, uma pequena cidade grega, na província romana da Ásia, um grupo de crentes se debatia com alguns que gostariam de fazer da fé, mera filosofia, e viviam às voltas com especulações de caráter religioso (conforme Colossenses 2.8).   
    O apóstolo Paulo então escreve a estes irmãos, para esclarecer-lhes acerca da verdadeira prosperidade. A verdadeira prosperidade não está nas ovelhas, camelos, juntas de bois e jumentas de Jó. A verdadeira prosperidade não está nas terras de Nabal no Carmelo, nem nos rebanhos de cabras e ovelhas que ele lá criava. A verdadeira prosperidade não está na grande descendência de Hamã, nem nas suas riquezas, nem em seu status de homem de confiança do Rei da Pérsia.
    A verdadeira prosperidade não está no muito conhecimento de filosofia, nem nas artes gregas, não obstante tudo isso seja importante, e o homem busque, ambicione, esforce-se por obter, nisto não está a verdadeira prosperidade.
        Quando Paulo escreve aos Irmãos da cidade de Colossos, ele próprio está numa delicada situação. Ele está preso, possivelmente em Roma, em companhia de Timóteo, Aristarco, Marcos, Lucas e outros irmãos. Curiosamente ele escreve aos irmãos acerca de prosperidade, de riquezas, de tesouros...
     O que um missionário, fazedor de tendas de profissão, e agora feito prisioneiro, teria a falar sobre prosperidade? Talvez ele não fosse a pessoa ideal para falar desse tema!
    Num mundo de trevas espirituais, no qual o entendimento de muitos foi cegado, permitindo que a prosperidade material e cultural bloqueasse o acesso da mensagem da salvação ao coração do homem, Paulo podia se alegrar com os irmãos de Colossos, e repetir a eles o que dissera aos irmãos de Corinto:
   “A palavra da cruz é insensatez para os que estão perecendo, mas para nós, que estamos sendo salvos é o poder de Deus. (I Co 1.18)
    A revelação desta verdade, a iluminação divina da palavra da cruz, o entendimento dos propósitos de Deus, isto é a verdadeira prosperidade.  Algo que vai muito além da sabedoria humana dos gregos, ou de quaisquer bens e riquezas materiais deste mundo.
    Quando Pedro testemunhou ser Jesus o Cristo, o Filho do Deus Vivo. Jesus lhe disse: Bem aventurado és tu, Simão Barjonas, pois não foi carne nem sangue que to revelou, mas meu Pai que está nos céus.(Mt 16.15-17)
    Jesus estava dizendo: Pedro você acabou de experimentar a verdadeira prosperidade.  Depois que este glorioso entendimento é alcançado nossa alma percebe que teve acesso a um grande tesouro. Indagado certa vez se queria deixar de seguir a Jesus, Pedro disse: Senhor para onde iremos? Tu tens as palavras de vida eterna. E nós cremos e sabemos que tu és o Santo de Deus (Jo 6.67-69).

    É um mistério oculto a tantos, mas a nós foi-nos revelado. Que bênção, que riqueza, além das glórias terrenas. Paulo resume poeticamente, no primeiro capítulo de sua carta aos irmãos de Colossos a mensagem de Deus revelada:  “Ele nos tirou do domínio das trevas e nos transportou para o reino do seu Filho amado, em quem temos a redenção, isto é, o perdão dos pecados... Ele é a imagem do Deus invisível, o primogênito de toda a criação; porque nele foram criadas todas as coisas nos céus e na terra... Ele é o mistério que esteve oculto durante séculos e gerações, mas que agora foi manifesto aos seus santos, a quem Deus, entre os gentios, quis dar a conhecer as riquezas da glória deste mistério, a saber, Cristo em vós a esperança da glória...”
    Foi a nós que ele se deu a conhecer, se manifestou. Por isso mesmo estando em cadeias, Paulo podia falar de riquezas, de tesouros, de prosperidade...
“...para que o coração deles seja animado, estando vós unidos em amor e enriquecidos da plenitude do entendimento para o pleno conhecimento do mistério de Deus, Cristo, em quem estão ocultos todos os tesouros da sabedoria e da ciência.” 2.2-3
    Falar de prosperidade é falar de riquezas, as riquezas da glória,  a plenitude do entendimento para o pleno conhecimento do mistério de Deus, Cristo, isto é a verdadeira prosperidade!
    E esta prosperidade não desaparece, não se vai com as crises econômicas, ou com o mau humor de alguém. E para você que ainda não usufrui desta prosperidade, tenho-lhe um conselho: Torne-se um pobre de espírito... entenda-se carente das riquezas de Deus, necessitado da graça e misericórdia do Senhor. Os pobres de espírito são bem aventurados, pois deles é o reino dos céus.
    Para você que já goza da verdadeira prosperidade, o entendimento do mistério de Deus, Cristo, seja fiel e guarde o que tens para que ninguém tome a tua coroa!

2 comentários:

  1. A verdadeira prosperidade, começa em obedecer os mandamento de Deus e em seguida pela sua misericórdia somos abençoados conforme Efésios 3:20.

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  2. Ótima reflexão! Tem muita gente embriagada com a falsa prosperidade por desconhecer a verdadeira.Que esse texto venha clarificar a mente de muitos crentes que precisam reordenar suas prioridades e aprender a buscar em primeiro lugar o reino de Deus e sua justiça e assim desfrutar da verdadeira prosperidade.Parabéns Pr.Ezion!

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