A cidade está em
polvorosa! Ontem, um ônibus urbano foi atacado por adolescentes que esfaquearam
o motorista e o cobrador do coletivo. O motorista não resistiu: morreu horas
depois. O cobrador possivelmente vai sobreviver. Torcemos por isso.
Hoje, a classe
trabalhadora dos rodoviários foi solidária e decidiu paralisar suas atividades
para chamar a atenção sobre a violência que assola a polis. Há também a materialização do velho provérbio
“Quem vê a barba do vizinho arder, bota a sua de molho”... Os rodoviários choram
a morte do companheiro... e buscam gritar para as autoridades para que a
violência não se torne simplesmente mais uma característica do cotidiano.
Aqueles que
conseguiram chegar ao trabalho utilizando o transporte público, tiveram
problemas para voltar pra casa. As paradas de ônibus ficaram abarrotadas de
olhares ansiosos pela visão de um transporte que lhes conduzisse para casa
depois de um cansativo dia de labor. Nada... Muitos se puseram em marcha,
resignados.
Meu filho veio do
Colégio para meu trabalho para voltarmos juntos.
Olhei para ele e
disse: Vamos parar e perguntar quem quer carona!
Ele retrucou: Está
louco? Vai entrar no carro um desconhecido, pode ser alguém perigoso!
Eu respondi com
uma pergunta: Se você estivesse aí nessa parada, aguardando um ônibus, gostaria
que alguém parasse e lhe desse uma carona?
Ele respondeu:
Claro!
“Alguém quer uma
carona para o North Shopping?”
Duas moças muito
timidamente, e temerosas, responderam afirmativamente e entraram sentando no
banco de trás do carro. Nunca as tínhamos visto. Na conversa descobrimos que
morávamos no mesmo bairro, algumas ruas acima.
No trajeto, muita gente caminhando de volta
pra casa. Moças, rapazes, senhoras,
velhos, gente já não tão nova, e já desacostumada a caminhar tanto! Eu queria
ter um carro modelo ônibus londrino...
Quando chegamos
no bairro, paramos próximo a rua das moças, elas desceram agradecidas. Perguntei
ao meu filho: Doeu? Ele olhou pra mim sem entender: O que? Perdemos alguma
coisa ao trazer as moças?
Então eu lhe
disse: Jesus ensinou que “tudo o que quiserdes que os homens vos façam, fazei
vós também a eles” (Mt 7.12). Eu gostaria que alguém me desse carona, ali na
incerteza da parada de ônibus, pensando em como voltar para casa caminhando.
Por isso, as trouxe no meu carro, sem nunca tê-las visto, e sem receber nada em
troca.
Pena que pouquíssimas
pessoas tiveram coragem de dar uma carona para um desconhecido. Observamos que a maioria dos carros rodavam somente com o motorista, ou com mais um acompanhante. Por isso tanta
gente teve que vir andando.
Eu prefiro correr o
risco, à comodidade da omissão! Fico pensando como tanta gente omissa depois
abre a boca e diz que é cristã. Perdoem-me:
Cristo faria diferente, senhores!
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