domingo, 15 de julho de 2012

Uma cidade chamada Jerusalém

   Na árida paisagem da Judéia, aninhada nas montanhas do Planalto Central de Israel, encontramos a milenar cidade de Jerusalém.  Nem sempre ela foi conhecida por esse nome. Chamava-se Jebus (I Cr 11.4), e os seus habitantes eram os jebuseus. Quando Josué empreendeu a conquista da terra de Canaã muitas cidades ficaram por ser conquistadas (Jos 13.1), entre as quais Jebus.
   Quando Davi foi coroado rei sobre todo o Israel, sentiu necessidade de ter uma capital que fosse geograficamente central, e também segura sob o ponto de vista militar. Uma cidade lhe vinha à mente, por sua localização, sua dificuldade de acesso, que lhe assegurava o título de Fortaleza de Sião (II Sm 5.7): Jebus, Jerusalém.
   Pôs então, no seu coração o desejo de conquistá-la. Escolheu-a para ser sua capital, antes mesmo de conquistá-la. Mas a cidade era soberba, orgulhosa, ciente de suas defesas naturais, que faziam com que suas muralhas estivessem sobre abismos montanhosos. Quem se atreveria a atacá-la? E  mesmo se a atacasse com certeza não lograria êxito em conquistá-la. Tal era sua autoconfiança que se dizia: “Davi, não entrarás aqui; os cegos e aleijados te impedirão...” (II Sm 5.6). Isto é, apenas cegos e aleijados eram necessários para defender a cidade. Em termos de força bélica nada significavam. Em outras palavras, a cidade sequer necessitaria de alguém que a defendesse. De forma alguma Davi entraria lá.
   Quando Davi ofereceu o posto de comandante do exército àquele que conseguisse tomá-la (I Cr 11.6), seu sobrinho Joabe conseguiu conduzir as tropas com êxito e conquistar a cidade, possivelmente pelos túneis que abasteciam de água a cidade (II Sm 5.8). De repente a cidade orgulhosa e cheia de si, que seria defendida apenas por cegos e aleijados, é tomada por Davi.
    Mas é importante registrarmos que, a conquista de Jerusalém não visava apenas um fim político ou militar. Mas, enfim qual o propósito de Davi em conquistar a cidade? Tão logo a cidade é conquistada e o reino de Davi é confirmado sobre Israel, uma coisa é feita, que deixa claro pra nós qual o propósito da conquista da cidade:
    Davi manda trazer a arca de Deus... a arca não era apenas um utensílio, um objeto especial... era a arca de Deus, sobre a qual se invoca o Nome, o nome do Senhor dos Exércitos, entronizado sobre os querubins (II Sm 6.2). A presença da arca em Jerusalém transformava a cidade em habitação de Deus. Esse era o propósito da conquista de Jerusalém, transformar uma fortaleza jebuséia em lugar da habitação de Deus.
     Mas um lugar de habitação de Deus é consequentemente um lugar de adoração. E Davi, convocou Asafe e seus irmãos para ministrarem louvores ao Senhor (I Cr 16.7). Jerusalém tornava-se assim num lugar de adoração ao Senhor dos Exércitos!
Naquela época Israel ainda cultuava a Deus num tabernáculo, uma tenda, uma estrutura transitória, desmontável que não tinha local fixo. Davi então propõe em seu coração a construção de um templo, um lugar de adoração definitivo, não transitório, permanente.
    Mas construir um templo exige direcionamento de recursos, exige esforço, exige disposição, exige comprometimento. E embora não tenha sido responsável por erguê-lo, Davi preparou grande parte dos recursos para que tal empreendimento se tornasse possível (I Cr 22.14-16). Mas tudo isso valia a pena, em se tratando da construção de um lugar definitivo de adoração.
    Jerusalém não era mais a fortaleza de Jebus, era agora habitação de Deus, lugar de adoração, em breve sediaria um lugar definitivo de adoração. Mas uma cidade assim sofreria algum tipo de dificuldade? Não seria totalmente isenta de males? Deus não a tornaria livre de toda possibilidade de sofrimento?
   Não, mesmo sendo habitação de Deus, lugar de adoração, Jerusalém foi uma cidade afrontada, assediada. Das diversas vezes em que foi cercada, combatida, afrontada, desafiada, uma delas vale a pena analisarmos com mais cuidado:
    Era na época do Rei Ezequias... os assírios eram a grande ameaça de todos os povos do Oriente. Formaram o primeiro grande império globalizado. Sua fama de agressividade e crueldade fazia tremer nações inteiras. Seus reis eram famosos como os reis caçadores de leões. Os baixo-relevo das paredes dos palácios de Nínive contavam a história de conquista e poder dos assírios (hoje se acham expostos no Museu Britânico, em Londres).
    Os assírios tomaram o reino-irmão de Israel, cuja capital Samaria caiu sob o poder dos exércitos do Rei Senaqueribe. Em sua política os assírios costumavam destruir a cultura dos povos subjugados, misturando as etnias, trazendo gente de outros lugares para habitar as cidades israelitas (II Rs 17.24).  Quando as crenças não eram destruídas passavam por um processo de sincretismo religioso, assim os samaritanos tornaram-se pessoas que adoravam ao Senhor, mas também cultuavam outros deuses (II Rs 17.33). Agora os assírios se aproximavam de Judá, e não apenas isso, já haviam atacado algumas cidades e levado seus habitantes como cativos, como foi o caso de Laquis (II Rs 18.13).
    Diante da ameaça assíria, Ezequias toma três providências, que vão se mostrar acertadas:
   1) Tapou as fontes das águas que ficavam fora da cidade, privando o inimigo de ser saciado com as águas de Jerusalém (II Cr 32.3-4);
  2) Fortificou o muro, reconstruindo o que estava demolido e levantando novos muros e torres (II Cr 32.5);
  3) Desafiou o povo a confiar no Senhor (II Cr 32.6-8).
     O Rei da Assíria encaminhou um embaixador para negociar a rendição de Jerusalém, chamava-se Rabsaqué. Sua estratégia também consistia em três ações:
    1) Ameaças e amedrontamento: “Que confiança é essa que tens? Em quem tens confiado para te revoltares contra mim?” (II Rs 18.19-21);
   2) Falsas promessas: “Fazei paz comigo e vinde a mim. Assim cada um comerá da sua vide e da sua figueira e beberá a água da sua cisterna; até que eu venha e vos leve para uma terra semelhante à vossa, terra de trigo e de vinho, terra de pão e de mel; para que vivais e não morrais...” (II Rs 18.31-32);
    3) Profecia mentirosa: “Por acaso eu teria vindo atacar e destruir este lugar sem o Senhor? Foi o Senhor que me ordenou: Ataca e destrói esta terra.” (II Rs 18.25)
   Diante da estratégia inimiga, após ter feito sua parte, Ezequias orienta o povo a ficar em silêncio, não responder nada (II Rs 18.36), e orar ao Senhor (II Rs 19.1-19), apresentando-lhe as palavra de afronta ao Senhor, o Deus vivo.
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Jerusalém, não está no passado! Não é uma história antiga. Jerusalém é você, caro leitor temente a Deus!
Você não é fruto do acaso: O Senhor te escolheu, te conquistou, apesar de seu orgulho, de sua autosuficiência. Mas ele te escolheu para que fosses sua habitação, para que se tornasse em lugar de adoração. E este lugar não pode ser passageiro, temporário. É preciso construir em sua vida um lugar definitivo de adoração ao Senhor, para isso é preciso direcionar recursos, comprometimento, e esforços, pois Ele quer um lugar definitivo em sua vida. Chega de andar de um lugar para o outro, buscando Deus aqui ou ali. Construa um lugar permanente de adoração, ainda que isso lhe custe esforço.
Não é porque somos habitação e lugar de adoração de Deus, que estamos isentos de todas as dificuldades. Os nossos problemas não acabaram. Não temos uma história tabajara, nem uma relação tabajara com a divindade. Apesar de tudo, somos afrontados, desafiados, atacados... O que fazer então? Aprendamos com o Rei Ezequias: Tapemos as fontes que alimentam o inimigo, fortifiquemos os muros e confiemos no Senhor!
O inimigo virá com suas estratégias, ameaçando, fazendo falsas promessas e até mesmo com profecias mentirosas. Não discutiremos, ficaremos em silêncio, em oração, apresentando ao Senhor tudo, pois a afronta não é contra nós, não é contra Jerusalém, é contra o Deus vivo. O Senhor concede vitória a Jerusalém, para que todos saibam que só Ele é Deus!!!
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Gostaria de finalizar este post com este vídeo que traz uma música inesquecível: JERUSALÉM....