sábado, 31 de dezembro de 2011

Ritual da virada: Qual o seu?

   
    Esta semana vi num programa de televisão um ator sendo entrevistado e indagado acerca da virada do ano. A entrevistadora perguntou: “Alguma superstição na virada do ano?” Pergunta já feita aos outros com obtenção de várias respostas do tipo “vestir branco, pular sete ondas...” A resposta do jovem ator foi: “Faço minhas orações.”
   Achei interessante a colocação da oração no âmbito da superstição.  Estaria de fato a oração integrando o universo da superstição?
    A palavra superstição vem do latim superstitio, é  utilizada desde o século XIII ou XIV, inicialmente na França, se espalhou por toda Europa.
    Nos diz o dicionário que a palavra significa:  "crença ou noção sem base na razão ou no conhecimento, que leva a criar falsas obrigações, a temer coisas inócuas, a depositar confiança em coisas absurdas, sem nenhuma relação racional entre os fatos e as supostas causas a eles associados". Ou seja, é acreditar em fatos ou relações sobrenaturais, mágicas, fantásticas ou extraordinárias e que também não encontram apoio nas religiões ou no pensamento religioso.
   Parece estranho que num mundo pós-moderno, dominado pela ciência e tecnologia, tanta superstição ainda esteja em voga.  Na verdade, muita gente tem abandonado a crença religiosa por conceituá-la não-científica, não racional, etc. Mas são estas mesmas pessoas que na virada do ano se apegam às superstições... vestem branco, pulam 7 ondas...
   A virada do ano é um momento emblemático. Está o ser humano cara a cara com o seu futuro. Um ano que se inicia, e não se sabe o que ele nos trará. Não há a garantia que se fomos pessoas saudáveis este ano, no próximo não adoeceremos. O futuro é uma incógnita. Não há cálculos que nos permitam garantir absolutamente nada no novo ano. É o Novo, o Desconhecido em toda a sua plenitude.
   Quem imaginaria na virada do ano de 2010 para 2011 que o ator Reinaldo Gianecchini e o Presidente Lula estivessem um ano depois num tratamento de quimioterapia lutando contra um câncer?
   E é neste momento de encontro com o Desconhecido que chega, que o homem pós moderno se curva à superstição. Muitos rituais supersticiosos tem origem nas religiões primitivas:    Pular as 7 ondas significa cortar obstáculos materiais e espirituais, sob a bênção de Iemanjá - divindade rainha das águas e mãe de todos os deuses africanos. Cada pulo deve ser acompanhado por um pedido. Para os mais “crentes”, oferendas de flores e outros mimos tendem agradar à Deusa e garantir sua simpatia. Muita gente repete superstições sem saber qual a idéia por trás das mesmas.
 


      
       O hábito de bater na madeira para afugentar o azar apareceu milhares de anos atrás entre os pagãos, que acreditavam que as árvores serviam de moradia dos deuses. Para chamar o poder das divindades, povos como os celtas batiam nos troncos, afugentando maus espíritos.
     No texto bíblico encontramos em At. 17.22, a palavra grega deisidaimonesterous, traduzida nas versões mais antigas como “supersticiosos”, e nas mais recentes como “muito religiosos”. Curiosamente a palavra pode ser usada de forma ambígua, tanto para significar confiança em crendices irracionais ou presságios (traduzindo-se como supersticiosos), quanto um apego exagerado a crença religiosa  (traduzindo-se como muito religiosos).
   Ao constatar essa ambigüidade preciso fazer algumas considerações:
   Como o ator entrevistado, na virada do ano faço minhas orações, mas minhas orações não podem ser classificadas como superstição. Porque são resultado de minha relação pessoal com Deus, de minha fé no Senhor Jesus, o Deus que irrompeu na História humana, padecendo sob Pôncio Pilatos. E meu culto é racional... Diante do Desconhecido que chega hoje à meia-noite, busco o meu Deus, que cuida de mim e me assegura não um ano sem surpresas ou dificuldades... mas que Ele estará comigo!!!
    Se Ele estará comigo, não preciso ter medo de gato preto, passar por baixo de escada, das sextas-feiras 13... também não é necessário vestir branco para me garantir paz, nem fazer oferendas à rainha do mar...
   Enfim, na chegada do Novo Ano manifesto a minha confiança inteiramente no Senhor... Estarei orando... se você quiser chamar isso de superstição... Feliz Ano Novo!

segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

2011, Última Semana... Nosso Ebenezer

    Faltam poucos dias para dizermos adeus ao ano de 2011. Depois da intensa correria do Natal, da troca de presentes, das confraternizações, celebrações, da disputa pelas compras nos shoppings lotados... esta semana instala-se certa calmaria para que dentro em breve recebamos um novo ano.
  Nas empresas o momento é de férias coletivas ou de levantamentos para inventários e balanços. Inventários para se saber o que se tem, o que foi quebrado, destruído, perdido, danificado, o que será necessário comprar novamente, para reposição. Balanço para se ter idéia do que se produziu, quanto, a que custo, e a que resultado se chegou: positivo ou negativo. A quantificação do resultado de todo o empenho, se foi atingido o alvo almejado, qual  palavra será  utilizada para descrever o período que se finda: lucro ou prejuízo?
  É tempo para um inventário pessoal, um balanço íntimo  para pensar no que foi perdido, danificado, adquirido... refletir sobre o que conseguimos produzir, construir, e a que custo. Analisar sobre as perdas que nos foram infligidas pelas dificuldades da vida, mas também sobre os ganhos que obtivemos, amizades que adquirimos, alegrias que tivemos... gargalhadas que soltamos.
    Pensar nos nossos relacionamentos, o quanto foram danificados, quanto se conseguiu refazer, restaurar... quanto se conseguiu aperfeiçoar. Definitivamente não estamos terminando o ano da mesma forma que o iniciamos. Estamos vendo o mundo, as pessoas e nós mesmos de outra forma. Você já pensou nisso? Olhamos no espelho e achamos que é a mesma pessoa, embora as marcas do tempo teimem em aparecer, na forma de rugas, de cabelos brancos, de espinhas, de barba... Mas mudamos ao longo do ano... Pouco ou muito, mudamos!
    Para além do brilho das luzes natalinas ou dos fogos de artifício do Ano Novo, precisamos inventariar o nosso relacionamento espiritual. A nossa vida com Deus: Quais experiências tivemos este ano? Em que estas experiências nos fizeram crescer no Senhor? Confiamos mais em Deus? Estamos descansando mais nele? Ou nossa ansiedade está nos dominando? O que tem mudado na nossa relação com Deus?
   As dificuldades tem se tornado obstáculos à nossa trajetória espiritual ou estamos confiando ainda mais no Senhor? Nosso balanço espiritual depende de nossa atitude de fé diante do Senhor. Se alguém seguiu o exemplo da mulher de Jó, que diante das circunstâncias adversas distanciou-se do Senhor, isto lhe trouxe a morte espiritual. Mas mesmo para quem percebe um balanço espiritual negativo, há uma promessa de restauração, no livro de Jó  14.7-9:
     “Pois para uma árvore há esperança; mesmo quando cortada, volta a brotar, e os seus brotos não deixam de existir. Ainda que a sua raiz apodreça na terra, e o seu tronco morra no pó, ela brotará ao cheiro das águas e lançará ramos como uma planta nova.”
  Para quem descobriu nos desafios e sofrimentos um Deus presente em sua vida, o ano foi de crescimento. Talvez você ainda possa estar enfrentando grandes dificuldades, mas dirá como Jó: “Eu sei que o meu Redentor vive e que por fim se levantará sobre a terra.” (19.25)
   Houve um momento na história de Israel em que Samuel fez um inventário e um grande balanço. Fora um período de grandes dificuldades. Olhando para trás Samuel pôde relembrar de acontecimentos terríveis, os quais ele vivenciara e acompanhara de perto. Podia elencar a morte do velho líder Eli, bem como dos seus filhos, Hofni e Finéias, no mesmo momento em que a arca da aliança caiu nas mãos dos filisteus. Fora um golpe tão duro que deu nome ao filho de Finéias, Icabode, que significa “Foi-se a Glória de Israel”. A arca da aliança, sinal visível da Glória de Deus levada de Israel parecia indicar o fim de tudo. Mas “há esperança, mesmo quando a árvore for cortada, ou a sua raiz apodreça no pó, ela brotará ao cheiro das águas”. E Samuel podia recordar o retorno da Arca, o arrependimento do povo, a sincera confissão coletiva, a rejeição e o abandono dos ídolos, um novo pacto de fidelidade com Deus, um grande clamor ao Senhor por livramento da mão dos inimigos filisteus... e a tremenda resposta do Deus dos Exércitos, trovejando desde os céus, propiciando a vitória dos israelitas. Qual o resultado deste grande balanço?
    Relembrando tudo isso, Samuel tomou uma pedra, para servir como marco, como registro, como memorial. Os acontecimentos daquele período mereciam um monumento. Mas o homenageado deste monumento não seria Samuel, nem o próprio povo de Israel. Às vezes atribuímos a nós as nossas conquistas, as vitórias, as superações, e queremos erguer memoriais a nós mesmos. Quem for a Roma, ainda verá de pé os Arcos construídos em homenagem aos imperadores romanos e suas vitórias. Ainda se mantem de pé no Forum Romano os Arcos de Tito, Diocleciano e Constantino. Em Paris, os franceses querendo fazer de sua cidade uma nova Roma, construíram um Arco de Triunfo para celebrar as vitórias de seu imperador, Napoleão Bonaparte. Porém,  aquela pedra que Samuel tomou, tinha um nome, aquele memorial celebrava todos os acontecimentos recentes, e chamava-se EBENEZER: Até aqui nos ajudou o Senhor (I Samuel 7.12). Literalmente a expressão hebraica Ebenezer significa “Pedra da Ajuda, do Socorro”. Depois o poeta ergueria sua Pedra do Socorro num poema que nós conhecemos como o Salmo 46: “Deus é o nosso refúgio e fortaleza, socorro bem presente na angústia.”
  Neste final de ano, eu e você somos desafiados a levantar um marco, um balanço de gratidão, um inventário de alegria, ainda que as lágrimas ainda fluam do rosto, erguendo com Samuel, em meio aos desafios, que vieram e que virão, com muita fé, uma Pedra da Ajuda, EBENEZER, até aqui nos ajudou o Senhor! Ele é a nossa ajuda, nosso socorro.
   Temos uma decisão a tomar neste final de ano. Chorar com amargura como a mulher de Jó, e nos afastarmos de Deus, ou erguermos nossa Pedra da Ajuda e reafirmarmos com fé, como Samuel: Até aqui nos ajudou o Senhor!

quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

Feliz Natal!!! Remexendo na memória, lembrando de outros natais...

Feliz Natal,

   Antigamente, na véspera de Natal eu ligava para os amigos para desejar Feliz Natal, para dizê-los que eu não os havia esquecido. Naquela época a rede mundial de computadores, hoje chamada simplesmente net, não desfrutava do prestígio nem da acessibilidade que hoje conhecemos e usufruímos.
   Discava, espera atender e então falava.  Ouvia-se a voz, e ao ouvir a voz a memória relembrava alguma coisa que havíamos enfrentado juntos ou compartilhado no trajeto da vida, ou mais especificamente naquele ano.
   Mas em meus “antigamente” eu ainda vou me permitir lembrar da época em que nós oferecíamos cartões de Natal. Não estou falando de cartões virtuais. Estou falando de cartões em papel, cartolina, que nós comprávamos nas livrarias ou nos camelôs de Recife. No fim do ano chovia de bancas vendendo cartões de Natal. Tinha dos mais simples, normalmente era desses que eu adquiria para dar para os amigos, aos mais elaborados, aqueles que quando abertos tocavam música natalina. Cheguei a ganhar alguns desses, dos amigos mais abastados. Era preciso enfrentar as filas na loja das Edições Paulinas, na esquina da Rua da Palma, para adquirir os cartões simples porém cheios de estilo, alguns simples marcadores de páginas... No Natal trocavam-se os cartões. Alguns tinham intenções duplas que iam além do Feliz Natal. Caprichava-se na letra... era um tempo que as pessoas se conheciam também pela caligrafia.
   Ainda hoje guardo os cartões de Natal que ganhei na adolescência e juventude... Olhando a letra visualizávamos o remetente, e seus laços conosco.


   É...   Agora nem ligações nem cartões natalinos... São tantos amigos espalhados por todo este Brasil: Recife, Petrolina, Natal, São Paulo, Rio de Janeiro... na Europa, Estados Unidos...  Porém temos outras maravilhas da modernidade. Temos os torpedos, SMS... Não dá pra reconhecer a caligrafia de quem enviou, é claro! Temos os cartões virtuais... e temos as mensagens massificadas que enviamos de uma só vez para todos os contatos cadastrados. Talvez muitos nem sejam lidos, pois ficaram na caixa de spam...
   É... Não dá pra voltar ao passado, mas também não quero repetir a obviedade da multidão. Quero mandar-lhes uma mensagem que vem do coração, como as ditas em poucas linhas de um velho cartão, ou numa apressada ligação telefônica.
   Feliz Natal a todos os amigos, ouvintes, leitores. Aqueles com os quais compartilhei idéias quer seja numa sala de aula, ou numa palestra, ou de púlpito... ou de uma conversa no blog, orkut, facebook, MSN... aqueles com os quais vivi e convivi ou com quem compartilhei algum momento da minha história.  
   Na troca de presentes não esqueçam do maior de todos os presentes: Jesus, O Grande Presente de Deus para nós... Afinal Ele amou-nos de tal maneira que DEU o seu Filho Unigênito para que todo aquele que nEle crê não pereça mas tenha a vida eterna.
   Feliz Natal... Paz entre os homens, pois Deus fez-se homem e habitou entre nós!

sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

Trânsito em Fortaleza: Uma festa à fantasia

   Hoje eu estava dirigindo, no meu trajeto de casa para o trabalho e tive uma idéia que, inicialmente reputei como louca, depois refletindo melhor achei-a original, embora que ainda meio doida! Motoristas em seus carros no trânsito formam uma espécie de festa  à fantasia...

   Vejamos o que os meus neurônios construíram:
    No trânsito não estamos fantasiados ou mascarados, porém, estamos todos  escondidos dentro de um veículo que permite se ver muito pouco de quem o ocupa (especialmente numa cidade como Fortaleza onde o calor e a luminosidade exigem fumês cada vez mais potentes, e ar condicionado ligado no máximo).   Quem vai para um baile à fantasia  pretende ocultar-se por trás de um disfarce ou uma máscara cuidadosamente escolhida, que normalmente corresponderá  à fantasia do mascarado.
    Nosso carro, cuidadosamente escolhido, pode ser nossa fantasia... Será que não é? Fantasia de poder, de beleza,  de status... Dentro de um carro lindo tem cada motorista feio! Mas numa festa  à fantasia só o disfarce se percebe, e é lindo! Deixa todo mundo de queixo caído: Que beleza! A feiúra fica escondida... só o espelho do retrovisor interno teima em revelá-la!

   Fantasia de parecer ser pobre quando se tem demais. Não posso deixar de me lembrar do finado Henrique W. Um engenheiro judeu aposentado do Banco do Brasil podre de rico. Lenda viva no mundo dos unha-de-fome.  Nunca casou. No fim da vida noivou com uma moça mas não teve coragem de casar, afinal seria muito gasto!  Ia todos os dias ao Banco para comer do lanche dos funcionários, mas diziam as más línguas que realmente ele tomava ali o seu café da manhã.  E... Sr. Henrique andava num fusca velho caindo os pedaços. Dava até dó. O rico em sua fantasia de pobre. Na verdade para afastar qualquer um que pudesse ameaçar sua riqueza, mesmo que fosse para pedir uma esmola!
    Numa festa à fantasia  loucuras são cometidas, afinal ninguém descobre a identidade do mascarado/fantasiado, e de fato por trás do disfarce  o indivíduo age sem reservas mostrando quem realmente ele é, sempre com a desculpa do personagem da fantasia. Seja através de ações descontroladas, provocações... agressões.
    No trânsito, pelo menos o que eu vivencio diariamente na ensolarada metrópole alencarina, muita gente põe as “garras de fora” ocultada pelos vidros fumês com visibilidade cada dia mais reduzida.  É o desrespeito nu e cru. É a esperteza de entrar na contra-mão numa rua estreita desrespeitando os demais motoristas que estão na fila do engarrafamento, e depois entrar sorrateiramente na frente dos demais quanto confrontado com um caminhão à sua frente. É a atitude essencial de um bárbaro, que não podendo despejar sua barbárie de peito aberto, para não se tornar motivo da crítica social, o faz de dentro de seu carro, onde está coberto pelo anonimato e protegido pela máscara do seu automóvel.
   É... acho que a alegoria não é tão louca assim, faz algum sentido.  E eu participo diariamente desta festa à fantasia, aberta democraticamente a todos que se dispõem a dirigir nas ruas das  grandes metrópoles. Em meu carrinho popular, resolvi participar fantasiado de Ezion!

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Estas crianças já foram disciplinadas com palmadas?



    Estes são os meus filhos, e foram sim, disciplinados com palmadas, e chineladas!
    No meu horário de almoço costumo acompanhar as notícias dos Telejornais do Meio-Dia. Qual não foi a minha surpresa quando ouvi  que nos próximos dias a Câmara dos Deputados vai votar o projeto de lei 7.672/10, que proíbe usar a força física para disciplinar ou punir crianças e adolescentes. A proposta é conhecida como Lei da Palmada.
   Caso a proposta seja aprovada, os pais que baterem nos filhos poderão ser encaminhados para programas comunitários de proteção à família, para tratamento psicológico ou psiquiátrico, para cursos ou programas de orientação, ou ainda receber uma advertência.
    Fiquei me imaginando sendo encaminhado a um programa de reabilitação para pais,  com uma guia para ser examinado por um psiquiatra, que quem sabe me prescreverá um Aldol... ou talvez até algo mais radical: Por que não uma prisão por alguns dias?
    Senhores, é demais para o entendimento de um pobre mortal.  Um país que não consegue dar conta dos milhares de drogados, assaltantes, traficantes e todo o tipo de meliante que assola a população dispõe-se a  legislar proibições sobre educação dos filhos. Eu mereço!
      E uma sorridente psicóloga do alto de sua autoridade de especialista afirmou que “uma criança que recebe palmadas vai perpetrar a violência... será violento com outros também.”  É muito para minha cabeça!
     Fui criança e levei palmadas à beça. Nem por isso nunca saí agredindo ninguém  por aí, como é a tese da nobre psicóloga. Sempre fui um cidadão pacato e pacífico. Amo meus pais, e os respeito, e sei que se me disciplinaram um dia era porque me amavam.
    Sou pai de dois filhos. Pai extremado até.  Participo da educação dos meus filhos em todos os aspectos. Sei que bater não é o primeiro recurso que me vem à cabeça, mas é um recurso necessário para algumas crianças e em algumas fases de suas vidas. Um pai ser denunciado por estar disciplinando seus filhos... é demais! Que Estado é este? Parece até que suas funções estão tão plenamente atendidas que acha tempo para se imiscuir em como os pais criam seus filhos.
     Claro que existem excessos por aí. Mas promulgar uma lei proibindo palmadas porque algum desequilibrado espanca seus filhos, não resolve o problema. Desde quando as pessoas com sério comprometimento psicológico agirão diferente porque o Planalto assim o quis? Não acham que é ingenuidade demais?
    É claro que alguém pode estar no Planalto e ter seus traumas de infância.  Mas daí proibir a TODOS OS PAIS do Brasil disciplinarem seus filhos com palmadas, é outra conversa!  Não ignoro quem tem posição contrária a disciplinar os filhos com palmadas. Somos diferentes, pensamos diferentes, temos opiniões distintas.  Isto é democracia. Mas, pasmem, esta lei disfarçada de preocupações com os direitos humanos é uma sinalização de grave  autoritarismo, pois nos obriga a pensar e a agir igual aos senhores tecnocratas do Planalto. Quem viveu em regimes totalitários conta que as coisas começaram assim, com leis aparentemente inofensivas, depois vieram proibições cada vez mais severas. Estaremos a meio caminho de um novo totalitarismo? É o fim da democracia!
    Gostaria de esclarecer que não sou um ultra-fundamentalista xiita radical semi-analfabeto.  Sou educador de uma grande universidade corporativa, tenho algumas graduações e pós-graduações, sou gestor de pessoas.  Já viajei por muitos países... acho que sou uma pessoa esclarecida!
    Sendo assim terei uma cela especial, e você poderá me visitar. Farei muito gosto em ser sustentado pelo Estado numa prisão ao pagar pelo crime de amar meus filhos, e discipliná-los com palmadas.  É uma metáfora do Brasil: os cidadãos presos com medo em suas casas, e os meliantes  com ou sem colarinho branco soltos ameaçando todo mundo. 
     Sempre tive orgulho de ser brasileiro... hoje este orgulho foi embotado. Fiquei triste. Pra onde caminha nosso país?